Neste tema são abordadas questões relacionados com o consumo sustentável, a economia verde, o uso eficiente de recursos, o ciclo de vida dos materiais e a valorização dos resíduos (Eixo temático “Tornar a Economia Circular” da Estratégia Nacional de Educação Ambiental para 2017-2020).
São três os temas base abordados nos vários recursos.
Tema 1 - Consumo Sustentável
Enquadramento
Enquanto consumidores individuais, ou no exercício de atividades em empresas e organizações, podemos contribuir com escolhas ambientalmente conscientes de bens e serviços que, à partida, utilizem menos recursos naturais e que serão mais facilmente reaproveitados, reutilizados ou reciclados. Isto também significa comprar somente o necessário, aumentando a vida útil dos produtos, tanto quanto possível (ENEA, 2017).
Pensar num consumo sustentável implica repensar nas nossas opções de consumo. Estas podem estar relacionadas com a escolha de produtos alimentares de origem biológica ou de produção local/regional, papel reciclado, produtos feitos de madeira gerida de forma sustentável, serviços que utilizem produtos de limpeza ecológicos, produtos com rótulo ecológico, escolha de produtos energeticamente eficientes, redução do desperdício alimentar, entre outras.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados apelam a uma tomada de consciência e facultam informação que incentiva a escolha de soluções de consumo sustentáveis, conscientes e responsáveis e informa e incentiva a leitura dos rótulos dos produtos “Amigos do Ambiente” como forma de identificar os produtos que cumprem requisitos ambientais.
Tema 2 - Uso eficiente de recursos
Enquadramento
A economia mundial tem sido construída com base num modelo linear de negócios, que agora está sob ameaça devido à disponibilidade limitada de recursos naturais. A forma e a velocidade com que usamos os recursos naturais é insustentável.
Consumimos mais recursos do que o que planeta consegue produzir, numa economia tendencialmente linear, ou seja, as matérias-primas são extraídas, ocorre o seu processamento em produtos, que são vendidos e, após a sua utilização, são descartados como resíduos.
Na transição de um modelo linear de produção de bens (extração de matéria-prima, produção, uso e descarte dos produtos) para um modelo circular, onde os materiais são devolvidos ao ciclo produtivo através da reutilização, recuperação e reciclagem, está subjacente a noção de limites na oferta de recursos naturais e na capacidade do ambiente para absorver os impactos da ação humana.
Este tema aborda a análise do ciclo de vida de um produto e está relacionada com os possíveis impactos ambientais causados como resultado da fabricação e utilização de determinado produto ou serviço. O ciclo de vida refere-se a todas as etapas de produção e uso de um produto, desde a extração das matérias-primas, passando pela produção, distribuição, consumo e deposição final, contemplando também a reciclagem e a reutilização.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados abordam conceitos relacionados com a disponibilidade finita dos recursos e a sobre-exploração atual dos mesmos. É assim que surgem os conceitos de economia verde, economia circular e análise do ciclo de vida de um produto ou serviço. A sugestão é a de repensar e analisar a forma como os recursos são explorados/utlizados, concebendo processos mais eficientes, por exemplo através da utilização de modos de transporte mais ecológicos, do incrementando do uso de energias alternativas de fontes renováveis, da diversificando das fontes a que podem recorrer as indústrias transformadoras (nomeadamente no que respeita às matérias-primas secundárias) e na eficiência energética e hídrica.
O objetivo é ensinar “a história dos recursos” e sensibilizar a sua utilização sustentável, garantindo assim a preservação e suficiência no uso de recursos, através do seu ciclo de vida, contribuindo para a regeneração e restauro da natureza.
Tema 3 - Valorização dos resíduos
Enquadramento
Neste tema pretende-se abandonar o conceito de “usar e deitar fora” e de que “custa menos comprar novo do que mandar reparar” e valorizar o lema de que “um resíduo é uma matéria-prima fora de sítio”.
A economia atual cresceu assente em padrões de consumo e escolhas ambientalmente conscientes de bens e serviços insustentáveis e, assim, tem-se vindo a perpetuar a geração de resíduos. No entanto, muitos destes resíduos podem ser recuperados e de novo integrados nos circuitos de mercado: veja-se o caso dos metais recuperados a partir de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) e Veículos em Fim de Vida (VFV), do plástico e papel recuperado a partir de Resíduos de Embalagem ou a borracha recuperada de pneus em fim de vida.
Valorizar a reciclagem continua a ser uma prioridade uma vez que permite transformar matérias-primas secundárias em novos produtos, promovendo a reintrodução de materiais na economia.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados promovem a prevenção e a valorização dos resíduos, privilegiando as opções de menor pegada ambiental, tais como, a reutilização, a reparação ou a reciclagem.
Nesta tema são abordadas questões relacionados com a eficiência energética, a mobilidade sustentável, o clima e as alterações climáticas (Eixo temático “Descarbonizar a Sociedade” da Estratégia Nacional de Educação Ambiental para 2017-2020).
São três os temas base abordados nos vários recursos.
Tema 1 - Eficiência Energética
Enquadramento
A alteração de comportamentos, individual e coletivo, de uma sociedade é determinante para a redução do consumo de energia primária, para a redução das emissões de CO2 e de outros GEE e, por conseguinte, para a mitigação das alterações climáticas (ENEA, 2017).
As cidades, onde se concentra a maioria da população, têm potencial de dissipar a distribuição de energia ou de otimizar a sua eficiência por meio da redução do consumo e adoção de sistemas energéticos mais verdes e eficientes. E, é ao nível dos consumidores finais que educar para a eficiência energética surge como um imperativo (ENEA, 2017).
A abordagem ao Tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados realçam o papel que os cidadãos podem desempenhar, quer ao nível da redução de consumos, quer ao nível das suas escolhas e opções de compra, na utilização de energia a partir de fontes renováveis e no consumo de produtos relacionados com a energia que sejam energeticamente eficientes e/ou que reduzam a necessidade de utilização de energia.
Tema 2 - Mobilidade Sustentável
Enquadramento
No âmbito da descarbonização da sociedade e da consequente independência de combustíveis fósseis, o setor dos transportes é uma área chave, uma vez que representa cerca de 25% das emissões de GEE e, aproximadamente, 75% do consumo total de petróleo e produtos dele derivados, tornando-se urgente e imprescindível a adoção de medidas concretas neste domínio (ENEA, 2017).
As medidas aplicáveis ao setor, em ambiente urbano, assumem particular importância ao nível da qualidade do ar e redução do ruído, na redução do consumo de combustíveis fósseis e na mitigação das alterações climáticas.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados destacam a adoção de comportamentos relacionados com a transferência modal para o transporte coletivo e a complementaridade com meios suaves de transporte (como a bicicleta), o incentivo à partilha de boleias, e eco-condução e a substituição dos veículos de combustão interna por veículos movidos com energias alternativas. Importa salientar neste tema que os meios suaves de transporte estão associados a uma mudança do estilo de vida com ganhos significativos também para a condição física e melhoria global da saúde individual.
Tema 3 - Clima e Alterações Climáticas
Enquadramento
As Alterações Climáticas (AC) constituem o maior e mais complexo desafio que a humanidade terá de enfrentar, com consequências para o desenvolvimento e segurança humana.
A ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos torna alguns ecossistemas e territórios mais vulneráveis, sendo que Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas. É, por isso, essencial envolver a sociedade na resposta aos seus desafios, contribuindo para aumentar a ação individual e coletiva reconhecendo a dimensão da Educação Ambiental enquanto elemento fundamental da política climática (ENEA, 2017).
A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC) identificou dois tipos de respostas às AC: Adaptação aos impactos da mudança climática e a Mitigação das alterações climáticas através da redução dos GEE (Gases de Efeito de Estufa). A Adaptação é um processo de resposta em que se procuram minimizar os efeitos negativos dos impactos atuais e futuros das AC nos diversos sistemas naturais e sociais. A mitigação consiste em combater as causas das AC antropogénicas e traduz-se em ações que visam estabilizar a concentração atmosférica dos GEE por meio da limitação das emissões atuais e futuras e do desenvolvimento de sumidouros desses gases.
As decisões no que respeita, quer à mitigação quer à adaptação, envolvem ações ou opções a todos os níveis da tomada de decisão, desde o nível mais local da comunidade ao nível internacional, envolvendo todos os governos nacionais. A mudança de comportamentos está no centro da alteração de paradigma em que assenta a transição para uma economia competitiva, resiliente e de baixo carbono.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados destacam a origem e impactos decorrentes das alterações climáticas, bem como as principais respostas no combate às mesmas.
O Tema “Arrábida Serra e Mar” está relacionado com a valorização do território, e visa promover uma cultura cívica territorial que considere o ordenamento do território e a conservação e valorização do património - natural, paisagístico e cultural - que nos permita viver bem dentro dos limites do Planeta.
Nesta maleta são abordados temas relacionados com o oceano, a defesa do litoral, a biodiversidade, os serviços dos ecossistemas e o património natural (Eixo temático “Valorizar o Território” da Estratégia Nacional de Educação Ambiental para 2017-2020).
São dois os temas base abordados nos vários recursos.
Tema 1 – Mar e Litoral
Enquadramento
O Mar representa uma área que corresponderá, brevemente, a cerca de 97% do território português. Portugal possui a terceira maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Europa (1.661.000 km2), prevendo-se ainda nesta década, a extensão do território imerso sob jurisdição nacional para uma área com quase 4 milhões de km2, como resultado da proposta de Extensão da Plataforma Continental, apresentada às Nações Unidas em 2009 (ENEA, 2017).
Dada a sua dimensão marítima é prioritário mobilizar a sociedade para compreender o oceano promovendo a literacia sobre o mar.
Os oceanos enfrentam ameaças diretas e indiretas. As ameaças diretas estão associadas à exploração dos recursos naturais e à degradação de habitats. As indiretas associadas ao transporte sedimentar fluvial resultante da erosão dos solos, que contribui para limitar a biodiversidade, sobretudo em zonas costeiras.
Historicamente, as populações procuram as zonas litorais ou a proximidade dos cursos de água para se estabelecerem, contribuindo para pressões antropogénicas de diversos tipos, nomeadamente: pesca e aquacultura, poluição, extração de recursos não vivos, produção energética, ordenamento do litoral, turismo e atividades recreativas, alterações globais e conservação.
Assim, a relação com estes ecossistemas aquáticos tornou-se parte da identidade destas populações, não só através da sua exploração para proveito económico, mas também através do usufruto para cultura e lazer; por estas razões, as atividades humanas realizadas nestas zonas devem ser abordadas de forma abrangente e integradora através do desenvolvimento sustentável e de uma perspetiva ecossistémica.
Os serviços dos ecossistemas dependem das funções dos ecossistemas. As funções dos ecossistemas costeiros relacionam-se com a biodiversidade, ciclo do carbono, evapotranspiração, habitat, zona de viveiros, ciclo de nutrientes, dinâmica de populações, transporte de sedimentos e atenuação de ondas e vento. Os serviços dos ecossistemas costeiros incluem a produção aquícola, o sequestro de carbono, a regulação climática, o controlo da erosão, a produção de peixes e produtos farmacêuticos, a bioacumulação de poluentes, a proteção contra tempestades, zonas de recreio e turismo, estabilização da linha de costa e a manutenção da qualidade da água.
O litoral português, com a sua extensão considerável e forte ocupação humana enfrenta ameaças significativas decorrentes das alterações climáticas, dos fenómenos de erosão costeira, galgamento/inundação, instabilidade das arribas e movimentos de massa de vertente.
Também importante é a questão dos resíduos no meio marinho, no contexto das questões ambientais que afetam globalmente o oceano. O oceano tornou-se o maior depósito de plástico do mundo. Os resíduos plásticos, nomeadamente os microplásticos, representam, entre os materiais que compõem o lixo marinho, a categoria mais preocupante, quer pelas quantidades, quer pelas suas características.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados visam promover o conhecimento sobre o oceano e o litoral, sobre a conservação da natureza e recursos marinhos, e sobre a correta interação entre estes e as sociedades. Esta abordagem visa educar e motivar as atuais e futuras gerações para a importância e impacto deste enorme recurso no nosso quotidiano e no futuro da humanidade.
Tema 2 – Arrábida – Património natural
Enquadramento
O capital natural incorpora todos os ativos naturais da Terra e todos os serviços dos ecossistemas que tornam possível a existência de vida humana. Os ecossistemas são formas de capital natural renovável, cujo funcionamento depende da biodiversidade e da geodiversidade que os compõem e cuja preservação e recuperação deve ser feita a uma escala global para manter ou restabelecer a conectividade entre as zonas naturais existentes (ENEA, 2017).
A Arrábida de enorme valor natural e florestal afere-se não só pela riqueza que gera, mas também pelas suas funções sociais e culturais, ecológicas e de sustentabilidade da região.
A biodiversidade e a geodiversidade assumem importantes funções de proteção dos solos, regulação de recursos hídricos, defesa contra a erosão eólica e hídrica, proteção microclimática, proteção e segurança ambiental e funções estruturantes quer da própria floresta, quer do território em geral. Os serviços fornecidos por estes ecossistemas são essenciais à vida humana e atividades económicas (ENEA, 2017).
Na prossecução do desenvolvimento sustentável, importa ter a paisagem como um domínio conhecido e apreendido pelos cidadãos. A Arrábida é nesta perspetiva o património natural que une os concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra. A educação sobre a Arrábida trará um importante contributo para promover a valorização das funções ecológicas e dos serviços dos ecossistemas, para fomentar a compreensão da noção da aptidão do território para determinadas ocupações e usos e assim para a valorização básica do Ambiente, bem como para reforçar a identidade territorial e a defesa dos seus valores.
A abordagem ao tema
Os recursos pedagógicos disponibilizados visam promover o conhecimento sobre o Parque Natural da Arrábida, os valores naturais, a biodiversidade, os serviços dos ecossistemas terrestres e as atividades de desporto e lazer que esta zona natural propicia.
Tema 1 - Água no Planeta
Enquadramento
O tema «Água no Planeta» promove uma tomada de consciência relativamente à importância da água como bem essencial para a humanidade e para a vida na Terra. Este tema reconhece ainda que a água é um recurso primordial para o desenvolvimento sustentável, para a promoção do bem-estar das pessoas e comunidades, e para o crescimento sustentado da economia dos países.
Este tema aborda a disponibilidade de água doce no planeta, os locais onde podemos encontrar água, os estados físicos e as propriedades da água, o ciclo hidrológico, a escassez e a segurança hídrica, a água como um direito humano, e a água enquanto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.
Água no Planeta Terra
As origens da água e da vida estão intimamente ligadas. A água cobre cerca de 70% da superfície da Terra, por este motivo o nosso planeta é muitas vezes apelidado de «Planeta Azul». No entanto, apenas 2,5% de toda a água existente na Terra é doce, sendo o resto salgada. Destes 2,5%, a maior parte (1,8%) está retida em forma de gelo na Antártida, no Ártico e nos glaciares, não estando disponível para o Homem. As necessidades em água da humanidade e dos ecossistemas terrestres têm assim que ser satisfeitas com base nos restantes 0,7% da água doce existentes no planeta.
A pequena percentagem de água doce disponível para o ser humano está repartida entre os aquíferos subterrâneos (representa 97,6% da água doce disponível no planeta), pântanos, solos, lagos naturais, rios, atmosfera e nos seres vivos.
A água doce está distribuída de forma muito desigual na superfície da Terra. Sessenta por cento dos recursos de água doce disponíveis concentram-se em dez países: Brasil, Rússia, China, Canadá, Indonésia, USA, Índia, Colômbia e República Democrática do Congo.
Propriedades da Água
A água é uma substância química cujas moléculas são formadas por dois átomos de hidrogénio (H) ligados a um átomo de oxigénio (O), sendo a sua (fórmula química H2O). A água é a única substância no nosso planeta que existe nos três estados (sólido, líquido e gasoso). A molécula da água é polar, o faz com que a água seja um dos principais solventes existentes no planeta.
Curiosidades sobre a água:
Ciclo da Água
A água encontra-se permanentemente em movimento na Terra e o ciclo hidrológico descreve esse movimento contínuo, acima da superfície terrestre e abaixo, a nível subterrâneo. A água está sempre a mudar de estado, alternando entre as diversas etapas que constituem o ciclo hidrológico.
O ciclo hidrológico (ou ciclo da água) envolve a evaporação da água, a subida do vapor de água à atmosfera, e o seu arrefecimento e subsequente condensação em pequenas gotas de água ou cristais de gelo que observamos como nuvens, que voltam a cair sobre a Terra como precipitação, neve ou granizo, antes de se evaporar outra vez, continuando o ciclo.
Envolve as seguintes etapas:
O Homem interfere com o ciclo hidrológico nas suas várias etapas, por exemplo através da bombagem dos aquíferos ou das captações de água em rios ou albufeiras.
A Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015 composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030.
Nesta agenda estão previstas ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento económico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outros.
A água está no centro do desenvolvimento sustentável e das suas três dimensões - ambiental, económica e social. Os recursos hídricos, bem como os serviços a eles associados, sustentam os esforços de erradicação da pobreza, de crescimento económico e da sustentabilidade ambiental. O acesso à água e ao saneamento é basilar para todos os aspetos da dignidade humana.
Todos no planeta devem ter acesso à água potável segura e acessível. Esse é o objetivo para 2030 do ODS nº 6 que visa “Garantir a Disponibilidade e Gestão Sustentável da Água Potável e do Saneamento para Todos”.
Segundo o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2018, existem ainda uma percentagem muito significativa da população mundial sem acesso a água potável e a saneamento básico. A escassez de água, as inundações e a falta de gestão adequada das águas residuais influenciam o desenvolvimento social e económico dos países. Aumentar a eficiência do abastecimento de água e melhorar a gestão dos recursos hídricos são fundamentais para equilibrar a crescente procura de água nos vários setores e nos diferentes usos.
Segundo dados do mesmo relatório:
A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a década 2018-2028 como a Década Internacional para a Ação, Água para o Desenvolvimento Sustentável, e teve início no Dia Mundial da Água, a 22 de março de 2018, e termina no Dia Mundial da Água, em 22 de março de 2028.
Escassez e Segurança Hídrica
A água é essencial para a vida e para o desenvolvimento sustentável. O aumento da população humana, os impactos das alterações climáticas e o crescimento insustentável colocam imensa pressão sobre a procura, a qualidade e a disponibilidade de água. A escassez de água pode causar tensões que pode originar conflitos violentos entre pessoas, comunidades e países.
A escassez de água afeta mais de 40% da população mundial, número que deverá subir ainda mais como resultado da mudança do clima e da má gestão dos recursos naturais. As questões hídricas são graves e tendem a piorar em muitas partes do globo, tornando a gestão da água uma tarefa delicada. Enquanto a água é abundante um pouco por toda a Europa, grandes áreas são afetadas pela escassez de água e pelas secas, especialmente em África e algumas zonas da Ásia Central.
Água e Direitos Humanos
Desde 2010, o acesso a água potável segura e limpa é um Direito Humano reconhecido pelas Nações Unidas. Juntamente com o saneamento, a melhoria do acesso a água potável segura e limpa é fundamental para a sobrevivência das populações economicamente mais desfavorecidas do mundo, tanto nas áreas rurais como urbanas. Continua ainda a existir uma quantidade inaceitável de pessoas em situação de pobreza, sem acesso digno a serviços de água potável e saneamento básico.
Tema 2 - Desafios Relacionados com a Água
Este tema induz a uma reflexão sobre os atuais desafios relacionados com o recurso água. Visa reconhecer a importância da água para as atividades humanas (rega, higiene, alimentação, lazer, indústria, energia, agropecuária, transporte, entre outras) bem como a associação dos diferentes usos com as atuais pressões ambientais e económicas.
Neste tema são abordadas questões relacionadas com a desigual distribuição dos recursos hídricos, com a importância da qualidade da água para a saúde humana, com o ciclo urbano da água e com o Nexus Água-Energia-Alimentação.
Desafio: Disponibilidade de água
Os recursos de água doce estão distribuídos de forma desigual, além de existirem grandes disparidades ao nível do consumo. A escassez hídrica e a poluição têm diferentes impactos mediante as diferentes zonas do planeta, afetando muitas vezes os mais vulneráveis.
Disponibilidade de água em Portugal
A distribuição da precipitação em Portugal é bastante desigual. As regiões a norte do rio Tejo têm precipitações anuais superiores à média do país, apresentando as regiões a sul valores inferiores.
Uso da água por setores
A água é utilizada para diversas atividades humanas, tais como: rega, higiene, alimentação, lazer, indústria, energia, agropecuária, transporte, entre outras.
Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas de 2018 sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos a agricultura é responsável por 70% das captações globais de água, principalmente para irrigação. A indústria é responsável por 20% do total, dominado por energia e manufatura. Os restantes 10% são relativos ao uso doméstico, e destes, apenas 1% é utilizada para beber.
Em Portugal, as principais utilizações da água incluem o abastecimento às populações, o uso agrícola (rega e água para os animais), o uso industrial, e a produção hidroelétrica.
Fenómenos extremos - Secas e cheias
Os fenómenos hidrológicos extremos incluem as cheias e as secas, estando estas ligadas à quantidade de precipitação que cai no território.
Uma seca começa sempre por ser meteorológica, sendo caraterizada por ocorrências de valores de precipitação anormalmente reduzidos. Posteriormente, e se a precipitação se mantiver baixa, a seca passa a ser hidrológica.
Por sua vez, as cheias ou inundações podem ocorrer regularmente nas estações de monções sob a forma de tempestades intensas. Embora as inundações possam ser o resultado de falhas nas barragens ou do aumento da urbanização e consequente impermeabilização do solo, as inundações devido a padrões climáticos estão muito associadas às alterações climáticas. Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas de 2018 sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, prevê-se que o número de pessoas em risco devido às inundações aumente de 1,2 mil milhões hoje para cerca de 1,6 mil milhões em 2050 - quase 20% da população mundial.
Alterações Climáticas
As alterações climáticas influenciam diretamente o ciclo hidrológico, e os seus impactos podem provocar quer escassez de água, quer o aumento da intensidade e variabilidade da precipitação.
Tudo indica que as alterações climáticas podem provocar eventos climáticos mais intensos, já que as temperaturas mais quentes aumentam a evaporação, e o ar mais quente retém mais humidade que depois cai na Terra. Um evento climático intenso pode provocar graves inundações e afetar cidades e plantações durante vários quilómetros.
As inundações podem ter consequências desastrosas, como a perda de vidas humanas e a destruição de infraestruturas vitais e plantações. Por exemplo, em 2015, o Malawi sofreu um evento de inundações que deslocou quase um quarto de milhão de pessoas.
Já é possível identificarmos impactos na disponibilidade de água doce decorrentes das alterações climáticas. Entre eles destacam-se:
Crescimento populacional
Espera-se que a população mundial, atualmente na casa dos 7,3 mil milhões, aumente em 80 milhões de pessoas por ano, e estima-se que atinja 9,7 mil milhões em 2050 (dados de 2015 das Nações Unidas). Este enorme crescimento populacional terá um impacto em muitas áreas do desenvolvimento, uma vez que mais pessoas exigem mais alimentos e energia, bem como produzir mais bens manufaturados requer a utilização de mais água. Além disso, também aumentará a quantidade de água necessária para abastecimento e para consumo.
Desafio: Qualidade da água
O comportamento físico e químico da água é influenciado pelo ambiente em que se encontra. Os padrões de qualidade para a água nas várias regiões do mundo são diferentes, e são determinadas pelas autoridades reguladoras. Os padrões de qualidade da água pretendem definir os valores segundo os quais a água não é prejudicial para as pessoas e não é perigosa para os ecossistemas. A água é considerada de boa qualidade se respeita as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde - OMS.
Qualidade da água em Portugal
Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos - ERSAR a percentagem de água segura (água controlada e de boa qualidade) em Portugal Continental é de 98,72%, um valor considerado de excelência (dados de 2017).
Segundo o Relatório Estado do Ambiente de 2016, nesse ano 67,65% da água que os Portugueses beberam teve origem superficial e 32,35% teve origem subterrânea. A maioria dos concelhos de Portugal continental apresentou uma percentagem de água segura igual ou superior a 95%.
Poluição
Uma água poluída resulta de qualquer alteração das suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, que possa prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar das populações, ou constituir uma ameaça para a saúde humana ou para o ambiente. Apesar das melhorias verificadas em algumas regiões, a poluição da água tem vindo a aumentar, em termos gerais. As principais origens da poluição da água são: o crescimento demográfico; os efluentes urbanos e industriais; a agricultura; a deposição de lixo nos ecossistemas aquáticos e os derrames de óleos.
Água e saúde humana
Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas de 2018 sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, estima-se que 1,8 mil milhões de pessoas usem uma fonte não melhorada de água potável sem proteção contra a contaminação de fezes humanas.
Desafio: Ciclo urbano da água
O ciclo urbano da água integra o abastecimento de água potável e o saneamento de águas residuais. A água que utilizamos em casa é inicialmente captada no meio hídrico e segue para as Estações de Tratamento de Água, ficando em condições para ser consumida. É armazenada em reservatórios e depois é distribuída à população. É depois recolhida (após ter sido utilizada) e novamente tratada para ser devolvida à natureza de forma segura.
O ciclo urbano da água inclui portanto as seguintes fases:
O abastecimento de água e o saneamento de águas residuais tiveram em Portugal uma evolução positiva nos indicadores de qualidade, como resultado do investimento feito no final do século XX.
Desafio: Nexus Água - Energia - Alimentação
A água, a energia e os alimentos estão intimamente interligados. O «nexus» descreve como e quando se cruzam estes sistemas e como as ações de um podem relacionar-se ou impactar os outros sistemas. Compreender a ligação entre os três sistemas permite-nos equacionar os desafios associados à crescente necessidade em garantir água, energia e alimentos que suportem o aumento da população humana, de forma sustentável.
O nexus é visto como um meio de assegurar que os recursos estarão disponíveis para as gerações atuais, mas também futuras, num planeta com recursos limitados.
O nexus água-energia-alimentação representa onde e como os três sistemas se relacionam:
Quando estes três sistemas entram em conflito, existem consequências para a saúde pública, para a economia e para os ecossistemas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), “o nexus água-energia-alimentação é fundamental para o desenvolvimento sustentável. A procura de água, energia e alimentos está a aumentar, impulsionada por uma população global em crescimento e pelas consequentes necessidades.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que o consumo de alimentos per capita aumente globalmente em 10% entre 2006 e 2050. Por outro lado, a Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a procura por energia aumentará em 28% no período de 2015-2040. No mesmo caminho, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que a procura por água aumente 55% entre 2000 e 2050.
Tema 3 - Uso Eficiente da Água
O tema Uso Eficiente da Água alerta para o facto do consumo excessivo de água ser um problema ambiental. Introduz o conceito de pegada hídrica apelando a uma tomada de consciência relativamente ao gasto excessivo de água na produção de alimentos e outros bens de consumo, e promove consciência relativamente à identificação de situações de consumo excessivo e de medidas conducentes ao uso eficiente da água.
São abordados dois temas: pegada hídrica e medidas de redução do consumo da água.
Pegada hídrica
Normalmente, quando contabilizamos o tradicional consumo de água focamo-nos no seu uso direto, nomeadamente no abastecimento doméstico. No entanto, o consumo efetivo de água de uma sociedade é bastante superior, devido à água utilizada na produção dos bens e serviços que consumimos. Por este motivo foi desenvolvido o indicador “pegada hídrica”, que exprime o volume total de água doce utilizado para produzir os bens e serviços consumidos por uma pessoa, comunidade ou país.
O uso direto da água está relacionado com a água que bebemos ou a água que um agricultor usa para regar. O uso indireto está relacionado com a água incorporada nos produtos e serviços que utilizamos.
A pegada hídrica é a quantidade de água necessária para os produtos que consumimos. A água necessária para produzir as refeições que comemos ou para fabricar as roupas que usamos é assim incluída na pegada hídrica.
A pegada hídrica é ainda desagregada nas seguintes componentes:
Pegada hídrica em Portugal
A pegada hídrica portuguesa foi estimada em mais de 2000 m3/pessoa/ano, valor muito superior ao valor contabilizado a partir do nosso abastecimento doméstico (cerca de 52 m3/pessoa/ano) . Isto deve-se ao forte peso do setor agrícola na pegada total e à água utilizada fora do país, pois muitos dos produtos que consumimos, nomeadamente agrícolas, são importados (CNA, 2016).
Portugal ocupa o 6º lugar do ranking mundial da Pegada Hídrica, entre 151 países, com 2260 m3/pessoa/ano - o equivalente ao conteúdo de uma piscina olímpica (CNA, 2016). A maior parte da percentagem da pegada hídrica portuguesa e de outros países europeus diz respeito à pegada hídrica verde, que é a água usada em diversas culturas:
Segundo o estudo «Potential water saving through changes in European diets», em média, 46% da pegada hídrica de um cidadão europeu está relacionada a produção de produtos de origem animal e 37% relacionada com as culturas. Isto significa que mais de 80% da nossa pegada hídrica como consumidores está relacionada com o que comemos.
Portanto, a pegada hídrica de um cidadão está mais relacionada com o que ela consome do que com o que gasta diretamente no consumo de água.
Medidas de redução do consumo de água
Encontram-se já identificadas várias medidas a nível mundial, nacional, local e individual, que podem contribuir para a resolução de alguns dos problemas associados aos recursos hídricos. Segundo refere o Conselho Nacional da Água (2016), podemos elencar as seguintes:
O que podemos fazer para poupar água?
Casas de banho
A higiene pessoal tem um peso significativo no consumo de água numa casa. Os banhos também representam cerca de 40% do consumo diário de água numa casa.
Cozinha
Na cozinha também se gasta muita água.
Jardim
Na rega das plantas ou jardins também pode poupar:
Outras medidas de poupança água
Há outras situações do dia-a-dia em que pode mudar hábitos para poupar água:
O que podemos fazer para reduzir a nossa pegada hídrica?
Como vimos anteriormente, a pegada hídrica considera não apenas o uso direto da água por um consumidor ou produtor, mas também o seu uso indireto. Assim, para reduzir a nossa pegada hídrica, devemos adotar um conjunto de comportamentos que nos permitam poupar água no dia-a-dia (enumerados no ponto anterior), bem como tomar algumas medidas que permitam reduzir a quantidade de água que usamos de forma indireta.
Entre elas: